JC Notícias – 27/08/2020
Estado planeja quarto ano no ensino médio para mitigar perdas. Alunos e professores apontam precariedade na periferia enquanto sindicato da categoria acena com greve em caso de reabertura
“Se meu filho perder um ano na escola, isso não vai fazer diferença para ele lá na frente. Mas se eu perder um filho, sim. Prefiro perder um ano a perder um filho”. A pesquisadora Érika Andreassy, 47, está há quase cinco meses trabalhando em casa com a presença dos dois filhos, João Pedro Andreassy Castro, 15, e Camilo Augusto Andreassy Castro, 10, ambos estudantes de escolas públicas de São Paulo. “Está bem puxado”, diz ela, sobre a rotina de trabalho com os filhos em casa. “Aumentou muito a demanda das coisas para fazer em casa”. Sozinha, ela não conta com mais ninguém para dividir os cuidados e acompanhamento dos filhos nas aulas online. Ainda assim, afirma preferir permanecer como está à volta das aulas presenciais neste momento. “Acho arriscado. E se as aulas voltarem neste ano, eu não vou mandar meus filhos para a escola”.
A opinião de Érika é compartilhada por 79% dos brasileiros que, segundo o instituto Datafolha, dizem que a reabertura das escolas vai agravar a pandemia do novo coronavírus e que por isso as escolas devem permanecer fechadas nos próximos dois meses. A discussão sobre o retorno das aulas presenciais em meio a índices ainda altos de contaminação vem ocorrendo no mundo inteiro. Envolve pais sobrecarregados, escolas particulares falindo, professores apreensivos, estudantes ansiosos e governos que vão e voltam nas decisões sobre o que fazer nesse delicado debate.
Leia na íntegra: El País