Benigna Villas Boas

Portfólio para atestar presença dos estudantes em aulas remotas

 

O documento Gestão Estratégica para a Realização das Atividades Pedagógicas não Presenciais no Distrito Federal, da SEEDF, traça diretrizes para a organização do trabalho pedagógico não presencial. Chamou-me a atenção a orientação para que os estudantes (de quais níveis e etapas?), ao longo de cada período letivo (bimestre/semestre), “formem” um portfólio ou webfólio de atividades por componente/unidade curricular, ou por área do conhecimento, por meio do qual os professores atestarão a sua presença e também poderão avaliá-los. “Para a Educação de Jovens e Adultos, a entrega do portfólio com as atividades deverá acontecer ao final de cada módulo ou semestre letivo”. Trata-se de incompreensão do uso do portfólio que, contrariamente à intenção a ele atribuída no documento, constitui um rico processo de avaliação. Introduzir o portfólio como meio de registrar a presença dos estudantes significa não compreender seu grande potencial. Além disso, o estudante não o “entrega”. Ele o constrói, sob a orientação constante do professor.

Orienta-se, também, para que o portfólio/webfólio seja postado “em ambiente virtual de aprendizagem (plataforma Escola em Casa DF) ou entregue, de forma impressa, diretamente na escola”. Professores e estudantes estão preparados para a construção de portfólios? É adequado adotá-los em situação emergencial? Se as escolas não estão funcionando e levando em conta a situação de distanciamento social em que nos encontramos, cabe fazer a “entrega” do portfólio na escola? Quem irá fazer isso e quem o receberá na escola? São situações incompreensíveis e que necessitam ser revistas. No afã de “contar” dias letivos, alguns sistemas de ensino estão em busca de alternativas mirabolantes. Como ficam as aprendizagens?

As diretrizes do documento em tela suscitam muitas análises. Preocupa-me, particularmente: a crise sanitária que estamos enfrentando está ensejando iniciativas educacionais descabidas e prejudiciais à conquista das aprendizagens por todos os estudantes. Além disso, os professores estão tendo seu trabalho desqualificado e desvalorizado, porque não participam da formulação de ideias como as que aqui estão evidenciadas.

Também preocupante é a aprovação de um documento com este teor pelo Conselho de Educação do DF.

 

 

 

 

 

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