JC Notícias, 30/05/2022
Diante de cada vez mais relatos de intimidação e ameaças contra professores, 80 instituições reeditam Manual de Defesa contra a Censura nas Escolas. Além de gênero e sexualidade, falar sobre política provoca ruído
Há três semanas o psicólogo escolar José (nome fictício) foi chamado para uma reunião com a direção da instituição de ensino na qual trabalhava e representantes da Secretaria Municipal de Educação. Foi sumariamente demitido, sob alegação de má conduta profissional e inadequação de conteúdos às respectivas faixas etárias de alunos.
Dias antes, José, que é homossexual assumido, havia tido uma conversa com as crianças sobre bullying. Contou aos alunos do 4º e do 5º anos do ensino fundamental que, quando começou a trabalhar na escola, ouviu uma das crianças dirigir-se a um colega chamando-o de “veadinho de merda”. Disse-lhes, no meio da conversa, que aquilo lhe machucou profundamente, não apenas pela grave agressão à criança, mas também pelo fato de ele ser homossexual.
A aula sobre problemas comportamentais cotidianos selou ali seu destino: a demissão da escola da rede pública de um pequeno município no interior de Minas Gerais, com pouco mais de 3.500 habitantes, ocorreria dias depois.
O caso de José reflete uma rotina de medo, censura e intimidação que professores e profissionais da educação têm vivenciado no Brasil, numa escala ascendente nos últimos anos. A pedido do profissional, seu nome e o município não serão revelados, pois ele aguarda a rescisão contratual com a escola e teme represálias. José, no entanto, está decidido a buscar uma reparação na Justiça.
Leia na íntegra: Deutsche Welle