Mazelas dos testes padronizados
A revista eletrônica Education Week, de 19 de junho de 2019, apresenta reportagem de autoria de Margaret Pastor, diretora da Stedwick Elementary School in Maryland, nos Estados Unidos. Ela afirma que muitas pessoas têm dúvidas sobre testes padronizados e que tem presenciado incidentes que a têm deixado seriamente preocupada. Um deles é o que narra em seu texto. Há alguns anos, uma superintendente educacional procurou-a para falar sobre o desempenho de uma das suas quatro turmas de educação infantil em um conhecido teste padronizado. Ela havia observado que os estudantes de uma turma tinham apresentado desempenho muito baixo, enquanto os de outra obtiveram alto desempenho. Recomendou à diretora que colocasse a professora cujos estudantes haviam obtido notas baixas para trabalhar diretamente com a outra, que parecia saber como conseguir que seus estudantes tivessem altos resultados. (negrito meu)
Parecia razoável, concluiu a diretora. Mas aí estava o problema: a professora cujos estudantes apresentaram baixos resultados e a outra cujos estudantes apresentaram altos resultados eram a mesma pessoa, que atuava nos dois turnos. Seria, então, impossível ter uma professora orientando a outra.
A diretora conclui: “Ficou claro para mim que eu não poderia me valer de testes padronizados para identificar professoras de alto desempenho e de baixo desempenho. Este incidente alimentou as dúvidas que eu já tinha sobre usar aqueles mesmos testes – considerados ‘científicos’ – para medir aprendizagem de estudantes”.
Feita a transcrição da reportagem, cabem algumas considerações. Observa-se que a diretora se refere a baixo ou alto desempenho das professoras. Se seus estudantes se saíam bem ou mal a culpa ou o mérito era delas, que trabalhavam ou não para que isso ocorresse. Para confirmar tal fato, a diretora completou: a outra professora “parecia saber como conseguir que seus estudantes tivessem altos resultados”. Não é somente no Brasil que fatos como este acontecem.