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Mais um palpite de Alexandre Garcia

Mais um palpite de Alexandre Garcia

Benigna Villas Boas

Durante o DF/TV 1ª edição de hoje, 09/11/2018, Alexandre Garcia disparou mais uma de suas incompreensões. A reportagem apresentava a situação de uma escola da cidade do Paranoá, no DF, em que existe apenas um banheiro frequentado por meninas e meninas. O repórter disse ter sido informado pela direção da instituição que isso ocorria para que as crianças aprendessem a respeitar o corpo de cada uma. Acrescentou que profissionais da Secretaria de Educação do DF, ao tomarem conhecimento do caso, solicitaram à equipe responsável pela escola o envio do seu projeto político-pedagógico. Nesse ponto entraram os comentários de Alexandre Garcia que, com um sorriso sarcástico, asseverou: “projeto político-pedagógico para criancinhas? Política é outra coisa, não tem nada a ver com criança.” Ironicamente acrescentou: “tá tudo explicado. A gente entende”. Realmente a gente entende o que ele quis dizer.

Garcia, não é o que pensam educadores profissionais, dentre eles, Ilma Passos Alencastro Veiga, professora emérita da UnB, pesquisadora e autora de livros e artigos sobre esse tema, que nos ensina em seu livro Escola: espaço do projeto político-pedagógico, Papirus, 1998, p. 13: “O projeto político pedagógico, ao dar uma nova identidade à escola, deve contemplar a questão da qualidade do ensino, entendida aqui nas dimensões indissociáveis: a formal ou técnica e a política. Uma não está subordinada à outra; cada uma delas tem perspectivas próprias”.

Em outro parágrafo a autora acrescenta: “A primeira enfatiza instrumentos, métodos e técnicas […] “A qualidade política é condição imprescindível da participação. Está voltada para os fins, os valores e os conteúdos; quer dizer a competência humana do sujeito em termos de se fazer e de fazer história, diante dos fins históricos da sociedade humana”.

Portanto, Garcia, a expressão projeto político-pedagógico não se refere à política que você tanto conhece, coisa dos políticos. Em educação, política é algo bem maior e a escola, quer queira, quer não queira, trata, sim, do político, em termos dos fins, dos propósitos, dos valores e dos princípios da educação, de forma a desenvolver trabalho de qualidade social.

Aproveito para manifestar minha inquietação e discordância quanto ao que disse duas vezes na televisão: ser professor não é profissão, mas missão. Grande engano. O professor passa por longa formação para se tornar um mestre. Este é nosso orgulho: estudamos muito para contribuir para a construção das aprendizagens por nossos estudantes. Não cumprimos missão.

Por favor, Garcia, valorize a profissão professor.     

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