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Leitura do mês de janeiro de 2020 – parte 2 – What we know about grading: what works, what doesn’t, and what’s next?

 

Leitura do mês de janeiro de 2020 – parte 2

What we know about grading: what works, what doesn’t, and what’s next?

O livro com o título acima é organizado por Thomas R. Guskey e Susan M. Brookhart, Alexandria, VA: ASCD, 2019. Na primeira publicação, o apresentei, a partir da introdução escrita pelos organizadores. Neste texto, destaco o que me chamou a atenção no capítulo de autoria de James H. H. McMillan, denominado Práticas de classificação e percepções de professores apontadas em pesquisas. Logo no início o autor destaca que a classificação (atribuição de notas, conceitos ou pontos, como conhecemos) é o carro-chefe da educação, podendo ter forte influência sobre os estudantes, motivo pelo qual é importante compreender a razão de suas práticas terem persistido durante tanto tempo, diz o autor.

Como foi explicitado na primeira publicação, o livro analisa resultados de um grande número de pesquisas sobre classificação.

Os resultados das pesquisas sobre os quais precisamos refletir são os seguintes:

– a maioria dos professores incluía aspectos não relacionados ao desempenho, para comporem a nota, como: habilidade, esforço, avanço, conclusão de trabalhos, cumprimento dos deveres de casa, comportamento, hábitos de trabalho, participação, comparações entre os estudantes, créditos extras, atitudes. Esforço foi um dos itens mais citados;

– professores da mesma escola adotavam diferentes práticas;

– as escolhas dos professores se baseavam em suas crenças e valores. Alguns atribuíam notas levando em conta apenas o desempenho, enquanto outros misturavam diferentes práticas;

– em alguns casos, esforço e conduta eram registrados separadamente do desempenho;

– observaram-se três justificativas para atribuição de notas: fornecer feedback e encorajamento e aumentar a motivação;

– os professores primários, de modo geral, percebiam o uso de notas como um processo de comunicação com os estudantes e pais, assim como um meio de diferenciar os estudantes. Os professores secundários acreditavam que a classificação servia como controle e gestão da turma. Enfatizavam o comportamento dos estudantes e a conclusão das atividades.

O autor conclui o capítulo afirmando que o esforço do estudante, documentado pela participação, dever de casa, comportamento, pela conclusão de trabalhos e outros indicadores, constitui o elemento chave da classificação ou atribuição de nota. Registrado separadamente ou não, ele é considerado importante pelos professores para alavancar o desempenho e a motivação. Embora os professores usassem largamente o esforço como um dos elementos da nota, não estava claro para os pesquisadores como e por quê a maioria deles identificava, registrava e usava os indicadores do esforço.

A maioria dos professores manifestou interesse em atribuir aos estudantes as notas mais altas possíveis. Essa dinâmica de “puxar pelos estudantes” explica o uso do esforço e do avanço como elementos para possibilitar seu sucesso. Assim sendo, entende o autor, a classificação, por meio de notas, pode ser individualizada na turma. E mais: seria conveniente esclarecer como “puxar pelos estudantes” era operacionalizado para garantir justiça e consistência dentro da turma e entre turmas. Contudo, questiona McMillan, em quais circunstâncias devem os professores individualizar o peso dado a diferentes fatores em seu processo de classificação? É justo dar um “up”, isto é, elevar as notas de um estudante com base no seu progresso e as de outro com base no seu esforço? Quais orientações e princípios ajudariam os professores a incorporar efetivamente fatores não acadêmicos em sua sistemática de classificação? Segundo o autor, estas são questões para futuras considerações.

Concluindo o capítulo, McMillan afirma que o julgamento do professor está no coração da classificação, baseando-se em seu estilo único de ensino e em seus valores e crenças. Os resultados das pesquisas sugerem que notas são frequentemente vistas como uma forma de feedback para os estudantes. Contudo, indaga o autor: o feedback que o professor oferece é o que os estudantes ouvem e percebem? O sentido que eles dão às notas é o mais importante. Os professores precisam conhecer como eles as interpretam – a mensagem por elas transmitida, o seu significado para a aprendizagem e o seu efeito na motivação. A atribuição de notas para a aprendizagem pode ser tão importante quanto nota de aprendizagem quando pensamos sobre o propósito da classificação e suas consequências.

Mensagem que o autor nos deixa: mais do que denegrir a atribuição de notas, será mais útil compreendê-la e auxiliar os professores a utilizarem os fatores acadêmicos e não acadêmicos de maneira transparente e justa, com vistas ao alcance da aprendizagem.

Com base nas práticas de classificação dos professores norte-americanos, sujeitos das pesquisas, parece que eles não desenvolviam avaliação formativa, com vistas às aprendizagens de todos os estudantes. Mesmo querendo “melhorar” as notas de alguns estudantes, o foco era o esforço e não a conquista das aprendizagens. E pior: esse procedimento não era usado com todos, mas com aqueles por eles selecionados. Como se percebe, o professor pode fazer o que quiser com a avaliação, até mesmo torná-la cruel.

No Brasil não temos pesquisas que tenham se dedicado à atribuição de notas a estudantes, mas sabemos que, também aqui, o esforço é um dos elementos usados por professores e reconhecido importante pelos pais.

 

 

 

 

 

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