Getting into ELT assessment
Benigna Maria de Freitas Villas Boas
O livro Getting into ELT assessment, cujo título em português é Por dentro da avaliação no ensino de língua estrangeira (tradução minha), é escrito por Isabela de Freitas Villas Boas e Vinicius Nobre e publicado em 2020 pela editora Cengage, que atua em vários países.
Na introdução, os autores afirmam que a avaliação, em sua experiência, não parece ser um tema importante para os professores de inglês. Em conferências, por exemplo, poucas são as apresentações sobre ele, que costuma ser objeto de estudo de pesquisadores universitários. Contudo, isso não deveria acontecer, pelo fato de a avaliação estar presente no planejamento curricular e ser parte importante da vida dos estudantes, complementam os autores.
Villas Boas e Nobre declaram seu sonho: ver a teoria de avaliação recebendo a atenção que merece como dimensão central da formação de professores e, como consequência, tornar-se capaz de promover mudanças dramáticas na maneira como se avalia o desempenho dos estudantes.
O objetivo do livro é oferecer aos que planejam o currículo e aos professores as informações básicas sobre a teoria e as práticas avaliativas, para que as adaptem ao seu contexto de atuação.
Por meio de linguagem leve, atrativa e muito bem fundamentada, os capítulos se desenrolam, enriquecidos por situações que envolvem a avaliação, atividades reflexivas, exemplos e recomendações. Embora o livro dirija-se a professores de língua inglesa, seu conteúdo sobre avaliação é extremamente útil a todos os docentes, incluindo-se os de nível universitário. Para que bem formem os professores para a educação básica, os de cursos de licenciatura necessitam de sólidos estudos sobre avaliação.
Alguns tópicos do livro chamam-me a atenção por reforçarem a prática da avaliação formativa. O primeiro deles é o que trata da avaliação de estudantes com diferenças de aprendizagem, por serem os que mais precisam de ajuda naquilo que estão aprendendo e no que lhes resta aprender. Este é um grande desafio para a avaliação, para que eles não se sintam inferiorizados.
Incluo como segundo tópico a discussão sobre descritores de avaliação (rubrics), diferenciando-os de listas de checagem (checklist); portfólios e autoavaliação (self-assessment). Principalmente este último recurso tem importância ímpar para a prática da avaliação formativa, por possibilitar ao estudante desenvolver sua autonomia e criticidade. Senti falta de ser mencionado que a autoavaliação é um processo construído por professores e estudantes e que recusa o uso de notas.
A última discussão proporcionada pelo livro deixa uma enorme contribuição para o campo da avaliação formativa: o abandono de notas, que sempre estiveram a serviço da classificação, da seleção, da exclusão e de propósitos administrativos. Abandonar tudo isso requer grande investimento na organização do trabalho pedagógico que assegure a conquista de aprendizagens por todos os estudantes. A avaliação formativa é a mola mestra dessa engrenagem.