Em busca da qualidade social da escola
Neste início da gestão Bolsonaro, quando a escolha desastrada de dois ministros da Educação tem criado polêmica e desassossego entre os educadores profissionais, pelo fato de não terem familiaridade com os temas urgentes do setor, busco alento nos ensinamentos de Freitas (2018, p. 128):
“Os processos e a vivência dos espaços da escola ensinam. Não apenas a aprendizagem formal em sala de aula, mas a própria gestão escolar vivenciada pelos jovens é um importante processo de constituição da personalidade e da sociabilidade. Se estamos compromissados com a democracia, todos os espaços da escola devem permitir a vivência da democracia; devem chamar os alunos para a participação em seu coletivo, permitindo o desenvolvimento da sua auto-organização e seu desenvolvimento com a construção coletiva, com espírito crítico. O conhecimento que se adquire nos processos escolares deve ser um instrumento de luta voltado para esses objetivos e não simplesmente algo a ser apresentado por ocasião dos testes e provas.
A escola pública, no presente momento histórico, é a única instituição educativa vocacionada a acolher a todos de forma democrática. As dificuldades que ela tem para cumprir essa tarefa devem nos mobilizar para uma luta que a leve a cumprir essa intenção com qualidade e não, pelo oposto, nos leve a apostar na sua destruição”.
Estas considerações nos possibilitam refletir sobre a responsabilidade dos cursos de formação inicial de professores de criarem condições para que os futuros docentes, juntamente com seus mestres, acompanhem o trabalho das escolas de educação básica, com os objetivos de vivenciarem seus espaços, se inteirarem dos seus processos e suas necessidades e contribuírem para o aprimoramento do seu trabalho. É a universidade dentro da escola e vice-versa.
Referência
FREITAS, Luiz Carlos de. A reforma empresarial da educação: nova direita, velhas ideias. São Paulo: Expressão popular, 2018.