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10 aprendizados de Singapura para o Brasil

 

Não nos encantemos com os 10 aprendizados abaixo. Analisemos com cautela. Não nos influenciemos por ideias mercantilistas e simplistas. Pincemos o que vale a pena considerar, por exemplo: “as instituições e os profissionais, da sala de aula ao ministro da educação, possuem um alinhamento impressionante”. Contudo, esse alinhamento não deve significar padronização nem subserviência. No momento, esta observação tem a ver com o que está acontecendo no MEC: desarticulação de propósitos, ideias e ações.

 

 

JC Notícias – 26/03/2019

10 aprendizados de Singapura para o Brasil

Valorização da prática, promoção de redes de conhecimento e ênfase na formação continuada impulsionam a Educação no país que lidera o ranking do PISA

Atual líder do ranking do PISA, o sistema educacional criado em Singapura desperta o interesse de qualquer profissional interessado em entender o que é necessário para oferecer uma educação pública de qualidade. “Vi fotos antigas de Singapura e, há 50 anos, a paisagem do país era parecida com a de Sobral, onde trabalhei”, diz Carolina Campos, consultora de gestão e formação de professores no Brasil. A diferença, aponta, é que durante esse período, Singapura investiu em Educação.

Carolina integrou o grupo de educadores brasileiros que visitou o país no início deste ano para identificar que aprendizados poderiam ser instituídos por aqui. Organizada pela rede de líderes da Fundação Lemann, mantenedora de NOVA ESCOLA, a viagem rendeu reflexões importantes de iniciativas que poderiam ser implementadas no país.

Singapura é um país bem diferente do Brasil. Em termos geográficos, seu tamanho é de 719km², uma área trinta vezes menor que a do Sergipe, o menor estado brasileiro. A quantidade de instituições de ensino também é bem acanhada quando comparada à realidade brasileira: são 400 escolas, com aproximadamente 30 mil professores e meio milhão de estudantes contra 184,1 mil escolas, de acordo com dados do mais recene Censo Escolar.

A partir dessas reflexões, levantamos uma lista de 10 aprendizados sobre Singapura para compartilhar com outros professores e gestores.

Valorização da prática
Em Singapura, a prática e a didática são pilares fundamentais da formação dos educadores. Em todas as formações, é evidente o diálogo entre teoria e prática, considerando o que acontece em sala de aula. “A prática é sempre discutida e é o centro das formações. A teoria existe para somar ao que o professor vive em sala”, conta Carla Amrein, coordenadora pedagógica na Eleva, plataforma de ensino que une cultura de resultado e aprendizagem. Para que os professores possam melhorar sempre e aprender com profissionais mais experientes, existem também os professores mentores, que dão orientações aos mais jovens.
Padronização
As instituições e os profissionais, da sala de aula ao ministro da Educação, possuem um alinhamento impressionante. Os discursos e as ações são coerentes. Os objetivos a serem perseguidos estão claros para todos. A padronização é tanta que se reflete até nas apresentações. “Visitamos escolas, universidades e institutos de formação e todas as instituições estão alinhadas no discurso e na prática. Até os slides eram os mesmos”, conta Darkson Vieira, professor de línguas e consultor de escolas e secretarias municipais.

Formação continuada
Durante o ano, cada professor deve completar um total de 100 horas de formação continuada. Cerca de um terço de todo o orçamento do Ministério da Educação de Singapura é destinado para essa finalidade. Como o currículo de Singapura é revisto a cada cinco anos, aproximadamente, a formação continuada é essencial para manter o alinhamento. Existe inclusive uma instituição dedicada a essas formações, a Academy for Singapore Teachers (AST). Alguns dos professores que participaram da viagem, inclusive, voltaram para o Brasil com muita vontade de criar uma iniciativa parecida no país, um espaço onde os professores possam voltar para aprender e reciclar conhecimentos.

Redes de conhecimento
Escolas de uma mesma região costumam promover encontros de professores que lecionam as mesmas matérias ou que dão aulas para um mesmo ano. São momentos em que é possível trocar experiências e aprendizados. Além disso, o National Institute of Education (NIE), que é basicamente a faculdade de educação que forma todos os professores em Singapura (imagine uma Unicamp ou USP de alcance em rede), conta com cerca de 300 redes para discutir assuntos de interesses específicos. As pessoas com interesses em comum se reúnem para discutir temas como, por exemplo, a mentalidade fixa e a mentalidade de crescimento.

Avaliação e crescimento na carreira
Anualmente, todos os professores são avaliados para saber como está seu desempenho dentro da sala de aula. “Lá, tudo é mérito. Para os alunos e para os professores. Se você for um professor bem avaliado, ganha bônus. Se for mal avaliado e não melhorar, pode ser demitido”, conta Darkson Vieira. Além disso, o sistema permite que os professores que amam ensinar sigam lecionando, em vez de migrarem para cargos administrativos para crescer na carreira, como acontece no Brasil. Assim, bons professores podem continuar na sala de aula.

Professores reconhecidos
A importância dos professores é reconhecida pelo governo e pelas famílias. Todos admiram e têm grande apreço por cada educador. De acordo com a diretora executiva da Academy for Singapore Teachers (AST), Chua Yen Ching, os pais colocam a responsabilidade do cuidado das crianças nas mãos dos professores, que devem ser bem treinados e formados ao longo da sua carreira.

Rígido – solto – rígido
O ensino é guiado por esse sistema. O que significa isso? O primeiro rígido representa o currículo estudantil, que é o mesmo para todas as escolas e deve ser seguido. O solto que está no meio representa a pedagogia, que é mais livre. Ou seja, cada escola pode fazer a implementação desse currículo à sua maneira e escolher como ensinar aos alunos os conteúdos previstos. O rígido que fecha o ciclo são as avaliações são nacionais, aplicadas em todas as escolas igualmente. A proposta da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) segue o mesmo princípio de ter Diretrizes Nacionais para a Educação Básica, mas deixa o currículo para implementação em nível de secretarias, que repassam para as escolas, fechando o ciclo com as avaliações do Saeb.

Educação é prioridade nos investimentos
A importância da educação é tanta que o Ministério da Educação de Singapura é o que possui o segundo maior orçamento do país (cerca de 6%), perdendo apenas para o Ministério da Defesa.

Sala de aula e crianças: nada de novo
É natural imaginar que uma sala de aula tenha um aspecto futurista em Singapura, mas não é nada disso. O ambiente escolar é simples. As salas de aula têm lousas, mesas e cadeiras como no Brasil. Nada de equipamentos sofisticados e aplicativos por todos os cantos. “Foi muito legal ver que os desafios do chão da escola no Brasil e em Singapura são os mesmos. Até porque criança é criança em qualquer lugar do mundo”, diz a coordenadora Carolina Campos.

Nem tudo é perfeito
Para liderar o ranking do PISA não é preciso ser perfeito. Singapura também tem suas questões para melhorar, segundo educadores que participaram da viagem. Alguns dos desafios que devem ser enfrentados nos próximos anos são a melhoria da Educação Infantil, a maior atenção às habilidades socioemocionais e o estímulo da criatividade. Hoje, os alunos sofrem muita pressão para ter bons resultados e se desenvolvem muito bem como executores, mas têm dificuldade para resolver determinadas situações que exigem maior jogo de cintura.

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Nova Escola

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Escola: caminho para a libertação ou para a prisão?

 

Escola: caminho para a libertação ou para a prisão?

Enílvia Rocha Morato Soares

Pesquisadora do GEPA

 

Ao defender o projeto de militarização das escolas do Distrito Federal, o secretário adjunto da Secretaria de Estado de Educação do DF alegou, em entrevista ao Bom dia DF do dia 12 de março, que a disciplina dos estudantes assegurada pelos policiais resultaria em maior tempo de aula e, em decorrência, melhoraria a qualidade do trabalho desenvolvido pelos professores.

O entrevistado não explicou, nesse momento, o conceito de “qualidade” a que estava se referindo. Se considerarmos, no entanto, que um dos critérios adotados pela SEEDF para definição das quatro escolas que implantariam inicialmente o projeto foi a nota do IDEB, pode-se pressupor que a qualidade destacada pelo secretário está fortemente associada aos resultados obtidos nos exames externos. Freitas (2009, p. 66) desmistifica esse raciocínio ao explicar que “o desempenho de uma escola implica ter alguma familiaridade e proximidade com o seu dia-a-dia o que não é possível para os sistemas de avaliação em larga escala realizados pela federação ou pelos estados, distantes da escola”.Continue a ler »Escola: caminho para a libertação ou para a prisão?

Preciosidade encontrada em um livro orientador de unidades de trabalho

 

Preciosidade encontrada em um livro orientador de unidades de trabalho

Analisando o trabalho pedagógico em livros da década de 1960, encontrei em Ferreira (1969) uma expressão que aprendi em meu curso normal, realizado na Escola Normal de Brasília de 1960 a 1962: culminância. Não me lembrava mais deste termo.

A autora orienta a elaboração e desenvolvimento de unidades de trabalho, muito utilizadas nessa década. Os itens do plano de trabalho são os seguintes: conteúdo programático, objetivos (informativos e formativos), iniciação, desenvolvimento, matérias correlacionadas, culminância e avaliação.Continue a ler »Preciosidade encontrada em um livro orientador de unidades de trabalho

Porque o mundo está abandonando os testes de alto impacto

 

Porque o mundo está abandonando os testes de alto impacto

Entrevistado pela reportagem do The Sidney Morning Herald, de 10/03/2019, o mundialmente renomado professor Andy Hargreaves, do Boston College, afirmou que testes de alto impacto estão vivendo seus últimos momentos, porque escolas de vários países estão optando por avaliações que evitam estressar os estudantes ou impedir que as aprendizagens ocorram. Segundo ele, os testes do NATLAN, National Assessment Program – literacy and numeracy  (Programa Nacional de Avaliação em letramento e matemática) foram desenvolvidos nos anos de 1990 e países como Canadá, Israel e Escócia estão, no momento, sentindo seu indesejável impacto nas aprendizagens e no bem estar dos estudantes. Eles provocam ansiedade, ensino para os testes, redução do currículo e o uso reduzido de inovações nos anos em que são aplicados.Continue a ler »Porque o mundo está abandonando os testes de alto impacto

Sentido! Ainda a militarização de escolas públicas do DF

Sentido!

Ainda a militarização de escolas públicas do DF

Benigna Villas Boas

Hoje, 12/03/2019, faz um mês da implantação da militarização de escolas públicas do DF e muitas dúvidas, incompreensões e controvérsias persistem. O Bom Dia DF de hoje dedicou um bom tempo a este tema. O que mais me chamou a atenção foi a declaração do Sub-Secretário de Educação, segundo o qual a falta de professores será suprida por militares. Aliás, cabe esclarecer que ele não estava à vontade para dar informações, estava até titubeante. Parecia não entender bem o que essa iniciativa significa. Equipes do governo estão usando o precioso tempo de aprendizagens dos estudantes das escolas públicas para ensaiar uma sistemática com vistas a moldar o seu comportamento. As imagens do programam mostram isso. Preencher o tempo de aulas por militares, quando faltam professores, é um descaso e um descompromisso com as aprendizagens dos estudantes das escolas públicas. Continue a ler »Sentido! Ainda a militarização de escolas públicas do DF

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