Ainda a militarização de escolas públicas do DF
Tenho insistido em analisar a chamada “gestão compartilhada” em escolas públicas do DF por entender que não traz benefícios aos estudantes e professores e que não está sendo conduzida adequadamente. Parece-me que mesmo as equipes que a defendem não têm clareza das suas consequências. Nos últimos dias, informações veiculadas em jornais televisivos dão conta de que mais 6 escolas entrarão nesse regime a partir de agosto. Para que isso aconteça, em cada uma delas haverá encontros para que a comunidade escolar (não foi esclarecido se, além dos pais e estudantes com idade definida para tal, os profissionais da escola também terão voz) decida se quer a sua adoção. O subsecretário de educação afirmou que somente terão a gestão compartilhada as escolas em que essa adesão ocorrer.
Contudo, não basta ter essa aceitação. Os objetivos desse tipo de organização escolar são a eliminação da indisciplina, da evasão dos estudantes e a elevação do IDEB. Já abordei minha recusa a eles. Aqui quero me referir apenas a outro aspecto: antes da votação, serão discutidas com todos os segmentos as consequências da gestão compartilhada em relação às aprendizagens dos estudantes, ao trabalho e à formação docente? O regime disciplinar nos moldes dos quarteis está sendo imposto e constitui aprendizagem para todos. É essa a escola pública que queremos?
A mudança da organização do trabalho escola, tal como está sendo proposta, é profunda, afeta o conjunto de aprendizagens e o jeito de ser da escola e precisaria ser precedida de um fórum público, no qual seriam apresentados os propósitos e a justificativa dessa mudança, para que toda a comunidade escolar pudesse ser esclarecida, ouvida e pudesse participar com segurança da tomada de decisão. Não se muda o formato da escola por meio de uma simples decisão governamental. Tata-se de algo muito sério e que pode comprometer o desenvolvimento de trabalho de qualidade da escola.
Para maior compreensão da militarização escolar, ou gestão compartilhada, recomendo a leitura do texto “Escola: o que nela se aprende quando se torna militarizada”, de autoria do GEPA e publicado neste site.