JC Notícias – 07/08/2023
“Estratégia é de alto risco por tentar introduzir em pouco tempo e por decreto uma prática que não faz parte de nossa cultura escolar”, comenta o colunista do jornal O Globo, Antônio Gois
Em menos de dez dias, o governo de São Paulo anunciou duas decisões polêmicas na rede estadual. A primeira foi abrir mão de recursos do Programa Nacional do Livro Didático e passar a usar apenas livros didáticos digitais. A segunda, publicada em portaria de 28 de julho, é a determinação para que diretores observem professores em sala de aula e produzam relatórios bimestrais, a serem enviados para a Diretoria de Ensino. Ambas foram reveladas na semana passada pelo jornal Folha de S. Paulo, em reportagens de Laura Matos e Isabela Palhares.
A escolha por utilizar apenas livros didáticos digitais já foi bastante criticada por especialistas, entre outros pontos, pela forma abrupta como o processo foi anunciado e considerando evidências que apontam para a cautela (o que não significa proibição) no uso de tecnologias no ensino. No caso da observação em sala de aula, até há embasamento para a ideia de induzir gestores a acompanharem com maior proximidade o trabalho dos docentes, visando apoiar seu desenvolvimento profissional. A preocupação, aqui também, é como isso será feito.
Para aprofundar o debate, vale a pena revisitar um estudo de Jason Grissom (Vanderbilt University), Susanna Loeb (Stanford) e Benjamin Master (Stanford), publicado em 2013 na revista científica Educational Researcher. Por três anos, cerca de 100 diretores em Miami foram acompanhados de perto. Um dos aspectos avaliados foi justamente a observação de professores em sala de aula. Para a surpresa dos autores do estudo, esta ação apareceu negativamente associada ao desempenho dos alunos.
Veja o texto na íntegra: O Globo
O Globo não autoriza a reprodução do seu conteúdo na íntegra. No entanto, é possível fazer um cadastro rápido que dá direito a um determinado número de acessos.