Leitura do mês de janeiro de 2020
What we know about grading: what works, what doesn’t, and what’s next?
O livro com o título acima é organizado por Thomas R. Guskey e Susan M. Brookhart, Alexandria, VA: ASCD, 2019. À medida que o for lendo, pretendo publicar algumas de suas contribuições. O tema é instigante.
Na introdução, os organizadores comentam que a classificação de estudantes é um dos temas educacionais mais calorosamente debatidos. Todas as pessoas que passaram por escolas vivenciaram alguma forma de classificação e muitas delas guardam lembranças desagradáveis.
Grading, em inglês, significa atribuir símbolos a atividades desenvolvidas pelos estudantes individualmente ou para indicar seu desempenho em boletins e em outros documentos. Podem ser letras, números, palavras, figuras ou qualquer descritor para diferentes níveis de desempenho. Em alguns países, usam-se letras. No Brasil, valemo-nos de números, menções ou conceitos. É o que chamamos, genericamente, de notas.
Segundo os organizadores do livro, o ato de classificar os estudantes (grading) é o último elemento a merecer atenção nas reformas educacionais. Elas têm início com o que se deseja que os estudantes aprendam e se tornem capazes de fazer como resultado de suas experiências escolares. Em seguida, consideram-se as evidências de aprendizagem e os temas relacionados à avaliação dos estudantes. Depois disso, a atenção se volta para a qualidade do ensino e para a ajuda aos estudantes a alcançarem os objetivos ou padrões de desempenho. Finalmente, focaliza-se a classificação dos estudantes, como meio de comunicação dos resultados da avaliação a eles próprios e aos pais. A classificação vem em último lugar e com alguma relutância, porque mudar políticas e práticas a ela relacionadas significa desafiar uma das mais longas tradições educacionais.
Observa-se que os autores tratam da classificação dissociada da avaliação.
Guskey e Brookhart alertam que a maioria de nós tem fortes opiniões sobre classificação baseadas em nossas experiências pessoais, razão pela qual essas opiniões variam tanto. Por esse motivo, é extremamente importante que políticas e práticas sobre classificação se baseiem em resultados de pesquisas confiáveis, em lugar de experiências pessoais. Este é um alerta importante para nós, brasileiros: nem sempre a definição de políticas e práticas tomam como referência resultados de pesquisas. Muitas vezes o “achismo” está presente.
Os autores insistem em afirmar que muitos educadores envolvidos com o sistema de classificação de estudantes se orientam em livros, blogs e facebook sobre este tema. Algumas produções falham em não citar nenhuma pesquisa significativa. Há aqueles que citam pesquisas por eles não lidas, tirando conclusões a partir dos seus resumos. A denúncia continua: este problema piora quando autores bem intencionados, mas parcialmente informados, em suas apresentações orais, dizem: “Eu acredito”, “Eu penso” ou “Em minha opinião”, o que indica que se norteiam por sua filosofia sobre classificação.
Infelizmente, as práticas de classificação se orientam pela tradição e não por resultados de pesquisas, entendem os autores.