De quem buscamos o exemplo?
Em um artigo para o The New York Times, publicado em 15/06/2019, intitulado Por que cada um não pode obter um A?, Alfie Kohn o inicia fazendo a seguinte provocação: suponha que no próximo ano todos os estudantes passarão no exame nacional. Qual seria a reação de políticos, de empresários e da mídia? Eles balançariam suas cabeças em admiração e diriam: estes professores devem ser muito bons!? Claro que não, diz o autor. Esse sucesso seria uma evidência de que os testes foram muito fáceis.
O inevitável entendimento é de que altos padrões de desempenho significam que nem todos os estudantes estarão em condições de alcançá-los. Se todos os alcançarem, as questões se tornarão mais difíceis, para garantir que alguns estudantes falhem. Esta é a lógica.
O articulista entende que o movimento norte-americano de padrões de desempenho e responsabilização não corresponde ao slogan “nenhum estudante deixado para atrás”. Ao contrário, é um bem elaborado recurso para separar o joio do trigo.
Concluindo, Kohn afirma que a competição tende a puxar-nos para trás, criando grupos adversários, o que dificulta a colaboração entre os estudantes. Mais do que isso, ela encoraja a falsa crença de que a excelência é um jogo de ganhar e perder. Seria mais democrático recuperar a essência deste conceito: cada um pode não se sair tão bem, mas, pelo menos em teoria, todos poderão.
Os estudiosos norte-americanos vêm, há algum tempo, combatendo as políticas de avaliação que eles próprios criaram. Contudo, os gestores brasileiros insistem em copiar o que lá já está sendo superado.
Observação: nos Estados Unidos, A é a nota mais alta.