Criação de ambiente de trabalho favorável às aprendizagens
Em ASCD de 14 de novembro de 2019, volume 15, Denise Pope narra que os estudantes das escolas onde vem desenvolvendo pesquisa costumam comentar que as provas são as que mais causam stress. Provas tradicionais, diz ela, principalmente aquelas em que os estudantes selecionam respostas em lugar de construir as suas próprias, servem somente para mostrar quanto sabem sobre determinado tópico.
Como professores, nem sempre sabemos se uma resposta errada representa um descuido ou falta de compreensão. Avaliações tradicionais frequentemente revelam “ensino para as provas”, falta de compreensão, cola generalizada ou estudantes estressados.
Denise Pope é co-fundadora da Challenge Success, uma organização sem fins lucrativos e baseada em suas pesquisas na Faculdade de Educação da Stanford University, nos Estados Unidos. Ela e equipe trabalham com escolas do país para ajudá-las a promover mudanças que signifiquem aprendizagens e bem-estar para os estudantes. Aqui estão algumas das práticas sugeridas.
- Uso de múltiplas formas de avaliação alinhadas aos objetivos de aprendizagem de cada unidade. Uma única prova é como uma foto instantânea, enquanto uma série de procedimentos de avaliação é como um álbum de fotos. Uma foto instantânea representa um momento da vida do estudante em que talvez ele não tenha feito o seu melhor. O uso de procedimentos variados de avaliação permite o reconhecimento das aprendizagens construídas.
- Eliminação de provas de meio de semestre e ao seu final. Provas mais curtas e mais frequentes e variedade de recursos de avaliação solidificam conceitos e habilidades. Ao contrário, exames de alto impacto e cumulativos podem causar stress e não avaliar aprendizagens completas.
- Prática de autoavaliação e avaliação por pares, que poderão ser replicadas pelos estudantes quando estiverem em situações de trabalho.
- Reconsideração de trabalho tardio. Se a atividade é importante, os professores devem incentivar que seja desenvolvido, mesmo tardiamente.
- A prática do “zero”. Dar um zero é matematicamente pior do que dar uma menção baixa, porque alguns estudantes poderão nunca obter notas satisfatórias se a primeira for um zero.
- Oferecimento de oportunidade aos estudantes para que eles mesmos façam correções em suas provas de modo a identificarem suas necessidades. Se a avaliação tem o sentido de promover as aprendizagens, não faz sentido aplicar uma prova ao final de uma unidade e logo em seguida passar para a próxima.
- Não aplicação de prova como a primeira atividade do semestre. Muitas escolas não atribuem notas no começo do ano letivo. Elas devolvem as atividades realizadas acompanhadas de amplos comentários, mas sem notas, e pedem revisão, quando necessário.
- Diversificação de estratégias de ensino-aprendizagem que envolvam os estudantes em reais situações de análise de problemas.
Como se pode perceber, a autora compreende a avaliação como promotora de aprendizagens, dissociada de medos e alienação dos estudantes. As práticas sugeridas se voltam para a construção de ambiente de tranquilidade, de maneira a evitar stress. Lembremo-nos que o mal-estar dos estudantes afeta também os professores, criando atmosfera hostil ao trabalho escolar.