Provas da 23ª Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) serão realizadas em 15 de maio, último dia também para as escolas lançarem seus foguetes; vencedores da olimpíada serão conhecidos no dia 15 de setembro
Escolas públicas e privadas de todo o Brasil têm até dia 15 de março para inscrever seus alunos do ensino fundamental e médio na 23ª Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), considerada a maior olimpíada científica do país, e na Mostra Brasileira de Foguetes. As inscrições são feitas pelo site www.oba.org.br.
As provas da OBA serão realizadas em 15 de maio, último dia também para as escolas lançarem seus foguetes. Os vencedores da olimpíada serão conhecidos no dia 15 de setembro.
Desde que foi criada, há 23 anos, a OBA superou 10 milhões de participantes. No ano passado, a olimpíada registrou recorde de participantes, com 884.979 estudantes de 9.965 escolas de todos os estados do Brasil e do Distrito Federal, além de duas do Japão. “Batemos o recorde dez anos depois. Demorou muito“, disse o coordenador da olimpíada, João Batista Canalle, professor do Instituto de Física da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). O recorde anterior foi registrado em 2009, quando se comemorou o Ano Internacional da Astronomia e a OBA teve 868 mil alunos de 10.557 escolas.
Canalle disse que para a edição deste ano, a expectativa é que o número de participantes da OBA e da Mostra Brasileira de Foguetes continue crescendo. “No ano passado, 154 mil alunos lançaram foguetes pelos céus do Brasil”, disse. “O pessoal gosta muito de atividade prática, para aprender”. Segundo o professor, é nessas demonstrações que os estudantes veem que física não é só fórmula. “Quando você lança um foguete, vê que a física não é só fórmula, ela passa a ter um significado muito real de equações que descrevem o movimento do foguete. E é prazeroso, porque você não tem uma receita pronta para fazer o seu foguete ir mais longe que os dos demais”.
Estímulo
O objetivo da OBA é estimular o interesse dos estudantes sobre as ciências espaciais, como física e astronomia. Canalle disse que o aluno que participa de uma olimpíada, em geral, se dedica um pouco mais aos estudos. “Se for uma área das [ciências] exatas, como astronomia e astronáutica, certamente isso implica que ele tem que estudar um pouco mais de matemática. As nossas perguntas, às vezes, envolvem também um pouco de geografia sobre estações do ano, fases da lua, marés. Tudo isso é abordado na área de ciências, de geografia, quando estuda clima no planeta, e essas coisas são relacionadas com a astronomia”.
A olimpíada é dividida em quatro níveis, sendo os três primeiros para alunos do ensino fundamental e o quarto para os estudantes do ensino médio. A prova é composta por dez perguntas: sete de astronomia e três de astronáutica. A maioria das questões é de raciocínio lógico. Ao final do certame as medalhas são distribuídas conforme a pontuação obtida em cada nível.
Aplicativo
Os alunos e os professores podem se preparar para a prova por meio do aplicativo Simulado OBA, disponível para celulares, tablets, e computadores, e pelo site da olimpíada, que fornece vídeos explicativos, além de provas e gabaritos das edições anteriores. Canalle afirmou que os professores são verdadeiros heróis, porque não são formados em astronomia nem em astronáutica e, no entanto, tanto eles como os alunos acabam sendo atraídos pelas ciências astronômicas, pelos mistérios do céu, e acabam levando os alunos a participar da olimpíada, sem formação acadêmica, formal, na área. “Nossa obrigação é tentar colaborar com eles, na medida do possível”.
Para isso, a OBA realiza encontros regionais de astronomia, com atividades práticas. No ano passado, foram promovidos 78 encontros, dos quais participaram 7.800 professores. Para este ano, estão agendados seis.
Os melhores classificados na OBA representam o país nas Olimpíadas Internacional de Astronomia e Astrofísica e Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica de 2021. Os participantes desta edição concorrem ainda a vagas nas Jornadas Espaciais, que ocorrem em São José dos Campos (SP), onde recebem material didático e assistem a palestras de especialistas.
Canalle disse que, em outubro, a organização da olimpíada enviará para as escolas a certificação impressa e medalhas para os estudantes vencedores desta edição. Os professores também ganham certificados. No ano passado foram distribuídas 50 mil medalhas da OBA e 10 mil da mostra. Este ano, serão 50 mil medalhas na OBA e 15 mil na mostra.
Canalle argumentou que em torno de 5% dos alunos inscritos acabam sendo premiados. “Quem ganha uma medalha, certamente, fica muito feliz; a família e os professores também. Ela [medalha] passa a ter um valor simbólico muito maior do que o valor econômico. E o aluno vencedor é um exemplo para os outros alunos que não ganharam. Estimula que esses estudem mais. É um estímulo para os professores também porque mostra que o trabalho deles está dando bons resultados”.
Foguetes
A 14ª Mostra Brasileira de Foguetes avalia a capacidade dos estudantes de construir e lançar, o mais longe possível, foguetes feitos de garrafa PET, de tubo de papel ou de canudo de refrigerante. O evento ocorre dentro da própria escola e tem quatro níveis. A novidade deste ano é que professores também poderão construir e lançar foguetes de papel, mas sem concorrer a prêmios.
Os estudantes do ensino médio que conseguirem lançar seus foguetes acima de 90 metros e os do ensino fundamental do nível 3, do sexto ao nono ano, que lançarem acima de 80 metros serão convidados para a Jornada de Foguetes, que terá, no máximo, uma equipe por escola. A Jornada é um evento anual que reúne alunos de todo país na cidade de Barra do Piraí, interior do Rio de Janeiro. Em 2019, a mostra teve a participação de 154.578 alunos. Para essa edição, são esperados mais de 200 mil alunos.
A Olimpíada é coordenada por uma comissão formada por membros da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) e da Agência Espacial Brasileira (AEB) e conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e da Universidade Paulista (UNIP).
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